segunda-feira, 19 de abril de 2010

A Erupção do Vulcão na Islândia e os riscos de Silicose - Será???

Estive pensando estes dias a respeito da gigantesca nuvem de fuligem de minerais e sílica lançados na atomsfera, pela erupção do Vulcão na Islândia...
O Espaço aéreo Internacional sofreu fortes consequencias, com a justificativa de que as partículas poderiam causar danos terríveis às turbinas dos aviões....
Só se destacam as notícias sobre o caos aéreo e os prejuízos na Economia, devido aos cancelamentos dos vôos.
No entanto....... Não vi destaque algum a um outro aspecto, e sem dúvida, não menos importante!
Como profissional de saúde, passei a refletir... se tamanho dano pode ser causado a uma turbina, a ponto de serem cancelados os vôos.... Imagine o que pode causar aos pulmões do frágil Ser Humano!!
Pensei nas doenças ocupacionais dos mineradores - a Silicose e o quanto seu prognóstico é cruel. Neste caso, porém, um fenômeno da natureza que só se repete a cada 200 anos pode ser devastador para a saúde a longo prazo.
Quantas pessoas serão atingidas por esse fenômeno e terão sua saúde afetada, e em que grau de periculosidade? Quais os países que serão atingidos por essa nuvem mortífera?
Imagine que até o Canadá já está recebendo toda essa fuligem....
Pensou-se na "saúde" das turbinas, mas quem será que se preocupou com a saúde dos pulmões das pessoas?
Que medidas preventivas tomar neste momento (por simples que seja, uso de máscaras)??
E quais as medidas para acolher pessoas acometidas por doenças resultantes dessa revolta da natureza?
Quem estaria se preocupando com isso, se os resultados só serão perceptíveis a médio e longo prazo???

Dois artigos me chamaram a atenção e compartilho com vocês, para refletir, e quem sabe, debater:

Partículas das cinzas podem afetar os pulmões
Por ser um fenômeno extremamente imprevisível, a erupção do vulcão da geleira de Eyjafjallajokull, na Islândia, continuará por tempo indeterminado. Caso a nuvem baixe, a saúde das pessoas poderá ser afetada, de acordo com Sérgio Brandolise Citroni, geólogo e professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.
A sílica, parte sólida da poeira vulcânica, em combinação com a umidade do ar, cria pequenos grãos que, se inalados, podem causar silicose. A doença, em sua forma aguda, provoca redução da capacidade pulmonar e, em consequência, reduz a oxigenação sanguínea.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) está avaliando os riscos à saúde nas regiões afetadas pela nuvem de cinzas. Segundo Maria Neira, diretora de Saúde Pública da OMS, 25% das partículas da nuvem medem menos de 10 mícrons, podendo “penetrar nos pulmões”.
A agricultura e a água na Islândia tambem poderão ser afetados pela redução da insolação, com reflexos na produção de alimentos. Outro temor é o favorecimento do efeito estufa.
De acordo com o geólogo, há o risco de que a atividade deste vulcão provoque uma erupção em outro vulcão adormecido, localizado bem próximo da geleira de Eyjafjallajokull.
– Mas não é possível confirmar que isto vá ocorrer, já que estes fenômenos são extremamente irregulares –
Fonte: Jornal do Brasil
por Evelyn Soares
http://jbonline.terra.com.br/pextra/2010/04/16/e16044812.asp


Silicose
"A silicose é a mais antiga, mais grave e mais prevalente das doenças pulmonares relacionadas à inalação de poeiras minerais, confirmando a sua importância na lista das pneumoconioses. A descrição da doença já foi relatada há muitos séculos.
É uma doença pulmonar crônica e incurável, com uma evolução progressiva e irreversível que pode determinar incapacidade para o trabalho, invalidez, aumento da suscetibilidade à tuberculose e, com freqüência, ter relação com a causa de óbito do paciente afetado. É uma fibrose pulmonar nodular causada pela inalação de poeiras contendo partículas finas de sílica livre cristalina que leva de meses a décadas para se manifestar.
A Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) da OMS considera a sílica livre cristalina inalada como um cancerígeno do Grupo 1 (em situações experimentais e em humanos).
Apesar de muito que se conhece sobre esta doença ocupacional, perfeitamente prevenível, ainda no século XXI a silicose continua a matar trabalhadores em todo o mundo. Milhares de novos casos são diagnosticados a cada ano em várias partes do mundo com predominância nos países em desenvolvimento onde as atividades que envolvem a exposição à sílica são muito freqüentes, destacando que em países desenvolvidos as pneumoconioses estão em franco declínio.
No Brasil a identificação de casos novos é epidêmica e a silicose é considerada a principal doença ocupacional pulmonar, devido ao elevado número de trabalhadores expostos à sílica e infelizmente não há uma estatística exata sobre os casos de doentes. É responsável pela invalidez e morte de inúmeros trabalhadores em diversas atividades.
A doença que pode ser evitável, tem importância na agenda de organismos internacionais relacionados à saúde e ao trabalho, como Organização Internacional do Trabalho- OIT e Organização Mundial da Saúde - OMS, que em 1995 lançaram um programa conjunto de eliminação global da silicose, com a ambiciosa intenção de diminuir drasticamente a sua prevalência em âmbito mundial. Este programa visa, essencialmente, a aplicação dos conhecimentos acumulados nas últimas décadas em ações de prevenção primária da doença e busca promover a colaboração dos países membros para estabelecerem medidas e programas que levem a eliminação dessa doença até 2030"....
..."O risco de adquirir silicose depende basicamente de três fatores: concentração de poeira respirável, porcentagem de sílica livre e cristalina na poeira e a duração da exposição.
As poeiras respiráveis são freqüentemente invisíveis a olho nu e são tão leves que podem permanecer no ar por período longo de tempo. Essas poeiras podem também atravessar grandes distâncias, em suspensão no ar, e afetar trabalhadores que aparentemente não correm risco.
A poeira de sílica é desprendida quando se executa operações, tais como: cortar, serrar, polir, moer, esmagar, ou qualquer outra forma de subdivisão de materiais que contenham sílica livre e cristalina, como areia, concreto, certos minérios e rochas, jateamento de areia e transferência ou manejo de certos materiais em forma de pó."...
(Fonte: Dra. Shirley de Campos
http://www.drashirleydecampos.com.br/noticias/3957)

Sinais e sintomas:
"Nas fases iniciais a silicose não apresenta sintomas, daí a importância da radiografia de tórax para o diagnóstico precoce. Nas fases avançadas os sintomas são cansaço, falta de ar e tosse.A exposição ocupacional se dá por meio da inalação, pelo trabalhador, de poeira contendo sílica livre cristalizada. A respiração pode piorar aos 2 a 5 anos depois de ter deixado de trabalhar com sílica. O pulmão lesado submete o coração a um esforço excessivo e pode causar insuficiência cardíaca, a qual, por sua vez, pode evoluir para a morte. Assim, a principal forma de prevenção são as medidas de engenharia no controle da produção e dispersão das poeiras. A utilização de máscaras de proteção deve servir como complemento nessa prevenção.
Os trabalhadores expostos ao pó da sílica devem fazer as radiografias de tórax com regularidade, de modo que seja possível detectar qualquer problema o mais cedo possível.
A silicose é incurável.
No entanto, pode-se deter a evolução da doença, interrompendo a exposição à sílica desde os primeiros sintomas."


Leia Mais:
http://www.jornaldepneumologia.com.br/english/suplementos_detalhe.asp?id_cap=52


Chamo também a atenção para um excelente texto postado por um grupo de Biomédicos Blogueiros, que traz imagens e definições sobre a silicose:
http://patologiana221.blogspot.com/2009/10/silicose-pulmonar.html


Vale ressaltar, que neste excepcional fenômeno, não se trata de doença ocupacional...mas sim da aspiração de cinzas vulcânicas, então...não há como interromper a exposição... o que fazer??????

Curiosidade:
sinônimo de Silicose = Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiose

nome da doença em inglês, é a maior palavra daquele idioma, com 45 letras. Ela foi cunhada por Everett M. Smith, presidente da National Puzzlers' League, para ser a mais longa palavra de língua inglesa. A intenção é descrever uma condição conhecida por silicose.
O portador da doença é chamado de pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico, sendo esta a maior palavra da língua portuguesa, com 46 letras. Ela ganhou registro oficial pela primeira vez em 2001, no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa.

Um comentário:

  1. Bom dia! Meu nome é Carmem Suzana e sou prof de uma Escola Municipal de 1. grau em Porto Alergre/RS. Meus alunos estão fsazendo um trabalho para a Feira de Ciências abordando justamente o assunto silicose. Gostaria de ter sua orientação em relação a livros que eles pudessem consultar e, se podem enviar algumas perguntas para a senhora responder a fim de constar no trabalho como opinião médica.
    Obrigada!

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