terça-feira, 27 de outubro de 2009

ESTRESSE e RESILIÊNCIA

De acordo com a pesquisa realizada pela ISMA-BR, 70% dos brasileiros sofrem as conseqüências do stress (ou estresse). Destes, 30% são vítimas da Síndrome de Burnout, um termo que descreve o estado de exaustão prolongada e diminuição de interesse, especialmente em relação ao trabalho. O termo “burnout” descreve principalmente a sensação de exaustão da pessoa acometida.

Estudos também mostram que algumas pessoas passam pelo mesmo processo de pressão e adversidade no ambiente de trabalho, mas não entram no estado de estresse ou ‘burnout’, suportando a pressão mantendo-se equilibradas, isto é, sem quebras emocionais. Estas pessoas são chamadas de resilientes, pois possuem atitudes diferenciadas em relação às adversidades no trabalho ou na vida pessoal.

Resiliência é uma palavra que vem latim RESILIO, que significa “voltar ao normal”. O conceito foi criado em 1807 pelo cientista inglês Thomas Young, que fazia estudos sobre a elasticidade dos materiais. Mais tarde, a resiliência foi incorporada pela física como a capacidade que certos materiais têm de acumular energia quando submetidos a um esforço e, cessado o esforço, retornar ao seu estado natural sem sofrer deformações permanentes. É o que acontece com uma vara no salto em altura: quando o atleta toma impulso para saltar, a vara se curva, acumula energia, projeta o atleta sobre o obstáculo e depois retorna ao seu estado normal.

Nas últimas décadas do século 20, o termo resiliência foi abraçado pela psicologia, para denominar a capacidade que certas pessoas têm de sofrer fortes pressões ou situações de grande estresse e não quebrar emocionalmente. Na verdade estas pessoas se fortalecem neste processo, “acumulando energia” para assim como a vara do salto em altura, projetar-se para resolver as adversidades que estão passando.

O iatista Lars Grael é um exemplo de uma pessoa resiliente. No auge da sua carreira repleta de conquistas, teve sua perna decepada pela hélice de um barco, em um trágico acidente em 1999. Anos depois voltou a competir e ganhar medalhas. “O erro das pessoas, em geral é se voltar para trás”, disse Grael certa vez. “Se eu fosse comparar minha vida anterior com a que levo hoje, com certeza teria entrado em depressão. Mas não adianta olharmos para trás. Temos que lidar com o aqui e agora. Poderia ter sido pior, e tenho a obrigação de me sentir no lucro”.

Ser resiliente é uma questão de atitude, isto é, entrar em ação para solução das pressões e adversidades cotidianas. A pessoa resiliente não permite entrar na sintonia do medo e da tristeza, sentimentos estes que paralisam a pessoa impossibilitando a retomada para a ação.

A pessoa resiliente primeiramente questiona o que deve ser feito para solucionar este problema, investigando várias opções, utilizando a sua flexibilidade e criatividade para sair do momento adverso. Concluído este processo ele entra em ação, pois agora ele tem a tal MOTIVAÇÃO, isto é, motivos para entrar em ação e fazer o que tiver que ser feito para minimizar ou até mesmo sair da adversidade. (Ricardo Piovan )

Não se é resiliente sozinho, embora a resiliência seja íntima e pessoal. Um dos fatores de maior importância é o apoio e o acolhimento, feito em geral por um outro individuo, e essencial para o salto qualitativo que se dá. Alguns autores nomearam essas pessoas: Flash chamou-o ‘mentor de resiliência’; Cyrulnik chamou-o ‘tutor de resiliência’; muito antes Bolwby chamou-o ‘figura de apego’. Denominações a parte, a resiliência ganha hoje seu espaço na pesquisa em ciências humanas, médicas, sociais, administrativas etc.

Mas não se forma um mentor/tutor/figura de apego. Não se pode dizer que alguém vai ser a partir de agora esse individuo que vai chegar para operar o milagre. A resiliência é, na verdade, o resultado de intervenções de apoio, de otimismo, de dedicação e amor, idéias e conceitos que entram sorrateiramente nas ciências como causa e efeito, intervenção e resultado, hipótese e tese de que as relações intra e inter-humanas são relações que ultrapassam o rigor do empirismo para encontrar o acaso.(Prof.Dra. Sandra Maia Farias Vasconcelos)

COMO DESENVOLVER E/OU AUMENTAR A RESILIÊNCIA

O Dr. Alberto D’Auria fornece as seguintes orientações:

  • mentalizar seu projeto de vida, mesmo que não possa ser colocado em prática imediatamente. Sonhar com seu projeto é confortante e reduz a ansiedade;
  • aprender e adotar métodos práticos de relaxamento e meditação;
  • praticar esporte para aumentar o ânimo e a disposição;
  • procurar manter o lar em harmonia, pois isto representa “o ponto de apoio para recuperar-se”;
  • aproveitar parte do tempo para ampliar conhecimentos, pois isto aumenta a autoconfiança;
  • assumir riscos (ter coragem), pois não adianta brigar com os problemas mas enfrenta-los para não ser destruído por eles;
  • tornar-se um(a) “sobrevivente” repleto(a) de recursos no mercado de trabalho;
  • usar a criatividade e a imaginação para quebrar a rotina e mudar seus hábitos para resolver situações imprevistas, adversas e delicadas;
  • transformar-se em um otimista incurável, visualizando sempre um futuro bom e melhor;
  • apurar o senso de humor (desarmar os pessimistas);
  • separar bem quem você é e o que você faz;
  • permitir-se sentir dor, recuar e, às vezes, enfraquecer para, em seguida, retornar ao seu estado original.

VANTAGENS

O desenvolvimento da resiliência pode proporcionar ao ser humano as seguintes vantagens:

  • permitir nossa reciclagem pessoal através da renovação de nossas energias e da reintegração ou ajustamento à uma nova realidade;
  • fornecer a oportunidade de curar velhas feridas;
  • descobrir novas formas de lidar com a vida e de nos organizarmos de modo mais eficaz;
  • melhor preparação para lidarmos com pressões;
  • fornecer meios de reduzir pressões desnecessárias, reconhecendo como são criadas e mantidas;
  • desenvolver a capacidade que cada um tem de se adequar e flexibilizar às situações sem perder seus objetivos.

A resiliência fortalece o desempenho mantendo as habilidades e competências necessárias para que o indivíduo continue seu aprendizado, seu desenvolvimento e ascenção de sua carreira profissional.

CARACTERÍSTICAS DA PESSOA RESILIENTE

Para Frederic Flach, as características da pessoa resiliente são:

  • capacidade de aprender;
  • auto-respeito;
  • criatividade na solução de problemas;
  • habilidade em recuperar a auto-estima quando diminuída ou temporariamente perdida;
  • independência de espírito: autonomia;
  • liberdade e interdependência;
  • habilidade de fazer e manter amigos;
  • disposição para sonhar;
  • bom senso de humor;
  • grande variedade de interesse.

Já, para Eduardo Camello, autor do livro “Supere – A arte de lidar com as adversidades” (Ed. Gente), são resilientes as pessoas que possuem uma combinação das seguintes qualidades:

  • são bastante confiantes: acreditam em si mesmos e naquilo que são capazes de fazer;
  • gostam e aceitam mudanças: encaram as situações de estresse e adversidades como desafios a serem sempre superados;
  • têm baixa ansiedade e alta extroversão: são abertos a novas experiências e formas de fazer as coisas.
  • Nunca desanimam: têm autoconhecimento e auto-estima positivos.
  • são emocionalmente inteligentes: conhecem suas emoções, conseguem automotivar-se, reconhecem emoções em outras pessoas e sabem manejar relacionamentos;
  • são altamente criativos: procuram constantemente por inovações. Não se conformam com a monotonia.

Comece a prestar mais atenção a você mesmo quando situações adversas, como um acontecimento do passado lhe trouxer lembranças amargas ou ser acometido por uma doença ou uma perda, ou... se você ficar “para baixo” ou deprimido. Este é o momento que a vida está lhe dando para saber, realmente, se você é resiliente ou não.(Dr. Luiz Roberto Fava).

Um comentário:

  1. Obrigado pelo Post, me ajudou num trabalho da faculdade e seu nome e site estão na bibliografia.

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