domingo, 18 de outubro de 2009

HOMEOSTASIA - O PRINCÍPIO DA CONSTÂNCIA

Como todo organismo vivo, o ser humano tem uma forte propensão a manter constante seus órgãos e sistemas: é o principio de constância, ou princípio de homeostasia.

De modo similar, as condutas e os mecanismos psíquicos buscam o equilíbrio, no sentido de evitar ou reduzir toda tensão nova. Caso a tensão psíquica não possa ser evitada, serão preferencialmente pesquisados os fatores causadores de tensão. Ainda que para distinguir se esses fatores são perigosos para sua sobrevida ou, ao contrário, fonte de uma satisfação maior.

A este mecanismo dá-se o nome de “principio de realidade”.

Desde crianças aprendemos que o aumento da tensão, por si só, pode ser fonte de prazer, permitindo a antecipação da descarga posterior, como quando brincamos na montanha russa. Na vida adulta, vamos felizes ao cinema assistir a um filme cheio de tensão e aventura, mas com final feliz...

A REPETIÇÃO

Ao lado desse principio de constância-prazer, no entanto, uma outra constante do funcionamento humano pode intervir: é a compulsão de repetição.

Não se trata da simples tendência em repetir os hábitos adquiridos pela aprendizagem, mas da opressão interna que impele os seres humanos a repetir indefinidamente as mesmas situações traumáticas que os fazem sofrer, mas que eles não podem ser impedidos a provocar de novo.

Freud pode descrever, assim, "essas neuroses de destino" que parecem marcadas por uma fatalidade trágica que às vezes se repete em varias gerações e ainda são reforçadas pelas reações do meio social... É certo que tudo o que foi fonte de traumatismo, no sentido psíquico do termo, deixa traços em nós que tem tendência a ressurgir de maneira repetitiva.

Os traumatismos psíquicos e emocionais, são como tarefas inacabadas, representam tantas "feridas" abertas e dolorosas que o paciente tenta fechá-las repetindo-as, na esperança mais ou menos mágica de anular o fracasso precedente, (como se pudesse controlar o resultado...) repetindo ativamente o que sofreu passivamente. Infelizmente, é geralmente um novo fracasso que ele repete, crescendo na mesma proporção a compulsão de repetição.

A única medida eficaz contra a repetição e a rememoração dos traumatismos, associada ao trabalho de compreensão é a elaboração psíquica.

É preciso QUERER mudar, e romper o ciclo requer trabalho interior e ação.

ELABORAÇÃO: A CAPACIDADE DE ESPERA E A SIMBOLIZAÇÃO

Esperar e Simbolizar são capacidades adquiridas progressivamente e inteiramente dependentes da organização afetiva do ser humano, assim como dependem da qualidade de suas relações.

Nós nos tornamos capazes de estabelecer elos entre os símbolos, seguindo não mais a inclinação de sua afetividade ou compulsões, mas utilizando as leis da linguagem e da lógica, chegando ao pensamento abstrato. Conversar e expor as idéias ajuda muito, portanto, para evitar erros repetidos.

Só assim conseguiremos:

- Deixar ao pensamento o tempo de se desenvolver (caso a carga emocional não for excessivamente importante), e ser capazes de não satisfazer os desejos de maneira imediata.

- Ser capazes de esperar, de suportar a ausência e a solidão, qualidades que são indispensáveis para instaurar uma relação suficientemente segura com o meio ambiente.

RISCO CALCULADO

A tarefa do aparelho psíquico em encontrar os meios de manter a homeostasia se realiza em duas vias:

Ação ou Imaginação. Somente com a maturidade emocional conseguimos conquistar o equilíbrio, e fazer com que nossa vida funcione.

Em todo novo evento em nossa vida há um certo grau de risco.

Porém podemos calcular e decidir se vale ou não a pena o risco...

O que não vale mesmo a pena é nos mantermos em constante defesa, o que causaria total isolamento.

Melhor viver, e continuar construindo, do que não arriscar.

Afinal, como prega a Fisiologia, dispomos de muitos mecanismos internos para nos manter em equilíbrio, mesmo após arriscadas experiências !!

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