sexta-feira, 25 de junho de 2010

CERATOCONE - ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

1. Introdução
Ceratocone é caracterizado pelo afinamento pericentral da córnea, mais freqüentemente inferotemporalmente, resultando num astigmatismo irregular e alta miopia, a princípio de difícil diagnóstico. Não há predileção racial. O ceratocone geralmente se apresenta na segunda ou terceira década de vida. A progressão do ceratocone varia. Em alguns pacientes, ele evolui por um período de vários anos e em outros permanece estacionado. O ceratocone tem sido associado com Síndrome de Down, doenças atópicas e degeneração tapetorretiniana.
2. Etiologia
A etiologia do ceratocone não foi determinada. Há, porém, uma associação da doença com atopia. O epitélio do paciente com ceratocone tem uma redução dos níveis inibidores da proteinase alfa -1 e aumento das enzimas dos lizossomas. Coçar com força e vigorosamente os olhos é associado à pacientes com ceratocone, mas seu papel no desenvolvimento ou progressão da doença não é comprovado. Alguns estudos observaram uma prevalência familiar de menor do que 5% a 20%. Herança autossômica recessiva ou autossômica dominante com penetrância variável ou incompleta tem sido descrita. Dor severa está associada ao desenvolvimento de edema corneano pelo rompimento da membrana de Descemet (hidropsia corneana), que ocorre em 3% dos pacientes com ceratocone.
3. Achados ao exame
O exame do paciente com suspeita de ceratocone começa pela pele, observando se há doença atópica. Há distorção da pálpebra inferior pela córnea com a infradução do olho (sinal de Munson). O exame com lâmpada de fenda pode revelar linha na base do cone (anel de Fleischer), melhor observado com iluminação verde. O afinamento da córnea com pregas no endotélio (estrias de Vogt) pode ser observado. Nervos corneanos proeminentes podem ser observados em alguns pacientes. Cicatriz corneana apical pode ser observada após episódio de hidropsia ou pelo uso de lentes de contato. O astigmatismo irregular pode ser confirmado observando-se o reflexo corneano, com miras irregulares, ceratometria corneana elevada ou na topografia. O diagnóstico sem os achados clássicos na lâmpada de fenda pode ser mais difícil. Aumento da curvatura central corneana maior do que 52 dioptrias, assimetria marcante da curvatura central corneana entre os dois olhos e elevação significativa da córnea inferior comparada com a superior 3mm da córnea central são associadas a ceratocone.
4. Conduta
A conduta para correção do ceratocone começa primeiro com uso de óculos, depois lentes de contato (lentes rígidas gas permeáveis ou lentes piggyback) e finalmente a ceratoplastia penetrante para os pacientes que não conseguem obter boa acuidade visual com lentes de contato. Apesar do transplante ter bom prognóstico melhorando a acuidade visual, mais da metade dos pacientes necessitarão ainda de lentes de contato.
5. Tratamento
O tratamento da hidropsia corneana requer agentes hipertônicos, esteróides tópicos, e/ou lentes de contato terapêuticas. As complicações da hidropsia aguda são relativamente raras e a ceratoplastia penetrante, cirurgia tipo LASIK ("laser-assisted in situ keratomileusis"), devido a hidropsia, não é indicada. A avaliação pré-operatória dos candidatos para cirurgia refrativa com a ceratoscopia computadorizada é essencial. E, com o aumento da procura de pacientes para cirurgia refrativa, aumentou o número de ceratocone diagnosticados. O ceratocone clínico é uma contra-indicação absoluta para a realização do LASIK e a forma incipiente é uma contra-indicação relativa, pois os resultados são menos previsíveis e a ablação do estroma pode levar a uma instabilidade corneana. (Dra. Nina Benchimol in Medcenter Review- 2009)
Bibliografia
1) Lee, D. A. , Clinical guide to comprehensive ophthalmology. Cap 7. Cornea and external disease. Wu W., Ariasu R.G.
2) Machat, J. J., Slade G. S., Probst, E. L., The art of LASIK. Cap12. Preoperative Lasik evaluation. Machat, J.

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