terça-feira, 10 de novembro de 2009

Overtraining X Overreaching


Overtraining Syndrome ou Excesso de Treinamento:

Na literatura médica, encontram-se diversos significados para esta síndrome (conjunto de sinais e sintomas) que são geralmente associados ao treinamento de sobrecarga ou treinamento ‘duro’, durante alguns dias, seguido de um curto período de descanso.
Uma resposta fisiológica é desencadeada após um treinamento intenso, para que a capacidade de desempenho desportivo possa ser melhorada. Esse processo é chamado de supercompensação, para que se consiga atingir o ápice do desempenho.

Overreaching:

É essencial que se reconheça o tempo necessário para a supercompensação. Se um atleta ainda não se adaptou antes que um novo estímulo seja dado, um desequilíbrio progressivo e maior ocorrerá.
O resultado disso é o overreaching, que é um conjunto de sintomas transitórios, sinais e mudanças que aparecem durante um treinamento pesado e são diagnosticados através de testes. Tanto o overreaching como a síndrome do excesso de treinamento cursam com diminuição do desempenho físico, sinais e sintomas semelhantes, porém a diferença entre eles refere-se ao tempo de recuperação. No overreaching duas a três semanas podem restabelecer o equilíbrio de desempenho esportivo do atleta; já na síndrome do excesso de treinamento, este processo pode durar meses ou até anos e atinge de 7% a 20% dos atletas por temporada
Ela é definida como um distúrbio neuroendócrino (hipotálamo-hipofisário) que resulta do desequilíbrio entre a demanda do exercício e a capacidade funcional, podendo ser agravado por uma inadequada recuperação, decréscimo no desempenho desportivo e atlético, incidência de contusões, mudanças neuroendócrinas e imunológicas, alterações no estado de humor, fadiga constante, dentre outros sintomas.
São considerados indivíduos altamente suscetíveis ao desenvolvimento do quadro:
- Atletas muito motivados; - Atletas de alto rendimento; -Atletas que retornam precocemente aos treinos, antes de estarem completamente recuperados; - Atletas e não atletas que treinam por conta própria; -Indivíduos com orientação técnica não qualificada.
Tipos de overtraining syndrome:
- Overtraining tipo simpaticotônico:
Fácil de diagnosticar, pois o atleta sente-se doente com grande número de sinais e sintomas : anorexia, perda de peso corporal, sudorese, dores de cabeça, falta de energia, aumento de freqüência cardíaca basal e da pressão arterial, irritabilidade, insônia, inapetência, dificuldade de concentração, arritmias, aumento da resposta aguda das catecolaminas, adrenalina e noradrenalina, etc... Trata-se de uma resposta prolongada ao estresse, precedendo a exaustão, que acomete atletas mais jovens de esportes anaeróbios que envolvem velocidade, força e potência. Quantidades excessivas de treinamento, ansiedade e acúmulo de competições com intervalos insuficientes de recuperação são geralmente mencionados como fatores causadores de overtraining simpaticotônico. A ansiedade de ter que produzir esforços máximos no treinamento todo dia e competir em um grande número de eventos pode ser emocionalmente estressante, particularmente se o atleta é muito ansioso.
- Overtraining tipo parassimpaticotônico:
Caracterizada pela predominância de processos de inibição, fraqueza física e falta de atividade motora. O atleta pode dizer que não se sente cansado, mas não se encontra em condições de mobilizar energia necessária para participar de um evento esportivo (está “sem gás”). O atleta em repouso pode não apresentar sintoma algum, mas os mesmos podem sobrevir furtiva e inesperadamente. Ocorrem também manifestações de ordem depressiva e neurohormonais, apatia e baixa freqüência cardíaca de repouso. Esse tipo afeta atletas altamente treinados em esportes aeróbios como triatlon, natação de longa distância, maratona e ciclismo de estrada e é mais comum em indivíduos mais velhos, com maior tempo de vida desportiva.
Exames diagnósticos:
Várias alterações fisiológicas que ocorrem na síndrome do excesso de treinamento têm sido descritas, porém, nenhuma delas, até o momento foi considerada isoladamente confiável a ponto de ser aceita como teste diagnóstico. Algumas delas são: diminuição da freqüência cardíaca máxima durante um teste de esforço, alterações nas concentrações de lactato em esforço máximo ou seu limiar, redução da excreção noturna de noradrenalina, aumento do cortisol sangüíneo (ação catabólica), diminuição do hormônio testosterona (ação anabólica) e alterações nos níveis de creatinoquinase (enzima muscular) e uréia (prova de função renal) no sangue.

Fonte:Rev Bras Med Esporte(2005).

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